Friday, December 18, 2009


Lá dentro


Josueliton. 28 anos.
Mora em Maceió.
Talvez estivesse querendo consertar alguma coisa.
Pois haviam 54 parafusos em seu estomago e mais alguns pregos.
Tentou abrir algo lá dentro com 22 chaves
Em seguida preferiu cortar algo com 31 pedaços de lamina para barbear
Depois quis pagar o seu interior com pífias 8 moedas, pontuar seus sentidos com 1 relógio, acender seu coração com 4 fusíveis, separar pedaços lá dentro com 1 tesoura pequena.Impulsionar seus batimentos com uma mola, provocar sensações com agulhas e outros pedaços de objetos encontrados , que totalizaram 151 itens engolidos.
Ele agora está em frangalhos, mas passa bem.

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/12/18/ult5772u6699.jhtm

Tuesday, December 15, 2009


sobre o que não há

(13.12.2009 analogias a 13/08/2009)


Estava alí

Na parede de dias esquecidos

Mas resolveu resgatar alguma coisa

Mesmo que nao sua

Qualquer raiva andarilha, vingança, saliva, suor,afeto, bala perdida, paixão escurecida pela poeira dos dias

Aquela que nao virará amor, mas sempre ressurgia, ao passar dos meses

Nao temia nada, sempre repetia que o que nao faltava era a coragem,

…e de fato nao faltava

Então o dia caiu, a chuva deu um espaço

Para uma nova esquina, dessa vez sem tantas delongas

Não falava, mas disse

E nao era o idealismo que existia

Nem tampouco uma perfeição que supera os dias

Mas a inércia de sentimentos putrefatos

Pois queria mais

O que fosse

Gemidos, fluídos, discursos falidos…

Nenhuma pretensão

Monday, December 14, 2009


um sonho antigo

porque hoje está muito feliz.

amanha talvez escreva...(11.12.2009.)



E andava novamente em ruas escuras.

E aí encontrrou uma festa, onde todos dançavam ao som do nada.

Correu daquele lugar e encontrou alguem.

Conversavam entre as vielas formadas em um imenso jardim.

De repente ele se esquivou e caiu do outro lado.

Quando pensou em atravessar para alcança-lo , subitamente ele se transformou em uma placa.

Mas ela se movimentava enquanto conversavam.

E aí percebeu que eles corriam em sua direção e que não podia se comunicar com elas.

As placas não podiam falar e todos eram contra.

De repente se viu naquela passarela, mas quando virou para o seu caminho, a ponte só chegava a metade.

Pensou em descer as escadas.

Alí alguns policiais surgiram, como se tivessem saído da década de 50.

Possuiam quepes de um azul queimado, e as roupas pesadas na mesma cor.

As botas traziam uns marrons falhos , e o cinto marcava a cintura.

O casaco por dentro da calça possuia grandes bolsos, e nos braços uma arma antiga, parecida com uma espingarda.

Os quatro olharam de forma apreensiva para ela e ergueram os punhos ao mesmo tempo.

Foi então que ela pulou e cau na rua movimentada.

Monday, November 30, 2009


Eu tenho unhas
Mas elas desgastam com facilidade
Eu tenho unhas que quebram quando se confrontam
Com algo mais rígido
Eu tenho unhas
Que crescem repentinamente, mas ficam muito tempo curtas
Eu tenho unhas que são roídas, mexidas, e raras vezes intactas
Irregulares, cada qual a seu tamanho e algumas parecidas
Eu tenho unhas
sem cor, a espera que algum tom as escolha
Eu tenho unhas escamadas, prontas para se dispersarem
Algumas se tornaram mais escuras, pelo contato com o cigarro entre os dedos
Eu tenho unhas
Que pressionam a pele para lembrar quando se esquece o sentir
Eu tenho unhas que revivem a sua força quando machucam alguém
São sempre olhadas aqui de cima, como se não fizessem parte de tudo
Eu tenho unhas que sempre estão no rosto como se quisessem afirmar presença
Passeiam parcialmente pelo canto da boca até voltarem ao peito
Como se quisessem ter garras.

Monday, November 16, 2009


Há dias como um velho
Aqueles que parecem esperar durante todo o dia algo que nunca chega
Cigarros vários entre os dedos enrugados infiltram-se nas bocas secas
Sentados num banco de madeira corroído pelo tempo
Observam sem se preocupar com a estrutura ser enfraquecida pelos dias
Trocam de camisa e lá estão de novo com o mesmo chinelo
A pisar um chão simplificado pelos seus passos
Olham fixamente um ponto com centímetros de cinza a escapar do filtro
....enquanto roem as unhas escurecidas naturalmente...
Nada os surpreende, nem enfurece
Sem vontade para emitir opiniões sobre as mesmas dramáticas
Não estão ali, e em nenhum outro lugar, apenas esperam

Thursday, November 12, 2009

é complacente com a sua inquietude , que não só se habilita durante as noites de luar
pois os dias já começam com um ar despretensioso, para só a tarde te colocar medo
aquele pavor surge agora a qualquer momento, por inúmeros motivos que nem sabe
perdas , que até para si são tão ínfimas, voltam a te assustar na penumbra da repetição
elas fazem se despedir do que mais gosta, quando queria cometer novos erros
os mesmos ficam a te assolar a cada esquina como se sufocassem todos os sentidos
já passou a hora de partir, e sabe que por não ter mais volta, não tem mais porque fugir
sempre queria estar em outro lugar que não o seu, somente para não estar ou ser
nessa noite se viu flutuar em meio aqueles prédios que ostentava ao seu olhar
todos os sonhos em que atravessava o céu com a leveza ausente do dia, estavam ali
segurou-se na sacada com medo de incorporar aquela ilusão e despencar dali
fingiu ter asas, o que não era tão inédito, já que outrora considerava carregá-las
longe fica e vai, com um cansaço eterno que faz querer causar mais esforço
como se brigasse com a própria estafa por ela não existir realmente
ecos transparecem por meio de ventos internos
e assim respira fundo para deixar a superficialidade muda como merece
ainda tem quereres ingênuos e precisa abraçar o mundo com seus marcados braços
precisa de um espaço para as tantas imagens que chegam e não é de hoje
que se vê um tanto parada no tempo que te derruba a pedir o nada ao redor
assim finca toda a substancialidade sem medo de perde-la ao raiar do sol

Wednesday, October 28, 2009

Quando as crianças são más.

Eles são tão crianças por serem tão meninos
Eles são tão meninos por serem crianças
Eles são tão crianças meninos
Eles são tão crianças e meninos
Eles são meninos infantis
Eles são tão crianças

Cria
Ânsia

Monday, October 26, 2009


Tem dias que você preferiria não ter saido de casa
Mesmo querendo estar ali
Tem dias que você preferia estar em outro lugar
Mesmo não se arrependendo de permanecer
Tem dias que você queria ver
Mesmo sem crer
Aqui se faz
Mesmo quando não se paga

Monday, October 19, 2009


Quando se gosta, gosta e pronto.

Essa frase é tão simples e é até reproduzida
Mas não lembro de onde.
Transmite a maior simplicidade de sentimento,
A qual muitas vezes é camuflada por discursos tênues
Se você gosta de alguém, não tem muita explicação,
Por mais que tenha.
Pode ser pelo gosto cultural, pela proximidade, espontaneidade
E por aí vai...
Embora haja uma lei de atratividade irrefutável
Você pode até não admirar quem se gosta
Mas gosta
Com todos os defeitos plausíveis a seu ver
Há quem gosta de quem é perfeito aos seus olhos
E a consistência do gostar torna-se mais densa
Pessoas podem se afeiçoar a você , de graça
Ou a muito custo
Seja como for, quando se gosta, gosta
Não existe espaço para indagações intensas
Há sim um quintal de entrada para o que precisa pousar

Thursday, October 15, 2009



Acordei com o sol da manhã que chovia.
A chuva que trouxe o sol para clarear
O sol que chovia de tanta luz

Friday, October 09, 2009

Poema sem título de Hilda Hist

“Lobos? São muitos.
Mas tu podes ainda
a palavra na língua
aquietá-los.

Mortos? O mundo.
Mas podes acordá-lo
sortilégio de vida
na palavra escrita.

Lúcidos? São poucos.
Mas se farão milhares
se à lucidez dos poucos
te juntares.

Raros? Teus preclaros amigos.
E tu mesmo, raro
se nas coisas que digo
acreditares.”

Thursday, October 08, 2009

Teste.




pessoas que perdem tanto tempo testando as outras, que acabam criando situações ...
Que se resolveriam sem provações.

Com o tempo.

...e eu nunca fui boa em testes.

Tuesday, October 06, 2009

As costas se curvam de várias formas enquanto o desconforto dura

Quando os pés suam aliviam o sapato que aperta o pé


Se o dente lateja logo anestesia


A cabeça pesa até ficar leve


Os olhos lacrimejam enquanto durar a irritação


...E assim toda dor se limita por si mesma

Friday, October 02, 2009


Ela

Era a moça mais triste com um pavê de morangos naquela mesa
Era a moça mais exultante com suas unhas desfeitas
Era a moça mais perdida naquele farol
Era a moça mais tímida naquele sono
Era a moça mais nervosa naquela igreja
Era a moça mais amorosa em seus delírios
Era a moça mais suave em seus desvios
Era a moça
Que era.

Thursday, October 01, 2009


Decepcionada
Mas não é
nada
Decepa
O que
Sente
que
Ninguém é melhor que ninguém
Melhor é ninguém

Tuesday, September 29, 2009


Lá fora



Morava em meio a ruas com nomes de instrumentos
Era só descer a gaita de foles, entrar a segunda a direita
As crianças sempre estavam por lá
A brincar os jogos extintos
Amarelinha, queimada, pega-pega
Ainda havia uma árvore ali na frente
Onde podiam subir e de lá avistar a rua das flautas transversais
Lá embaixo começava a acabar o dia
Aquele cansaço e suor bom
Tinham deixado os rostos corados com o sol que passava
E nos postes de luz, vários siriris, ou cupins alados
Era a espécie de cupim com asas, também chamados de aleluias
Seja como for, aqueles insetos apareciam somente no verão
E eles disputavam quem conseguiria guardar mais em um saco de plástico
Enquanto o poste ia ficando cada vez mais liberto de mosquitos
Elas apostavam um amor quando o avião passava
Não se lembra quem havia ensinado essa crença
Mas bastava abrir a mão, pegar o avião no ar, e colocar dentro da roupa,
Na direção do coração
E a lua surgia, junto com as mães a chamar nas varandas
Todos sempre tentavam se safar, e ganhar mais uns minutos
lá fora

Monday, September 28, 2009


Sintonia


Ele a esperava na porta do colégio
Para almoçarem juntos em casa
Era a hora que acordava
Pois trabalhava de segurança noturno em uma fábrica de tecidos
O cardápio geralmente era arroz, feijão, alguma carne com farinha
Típica mistura lá do nordeste
Sempre tinha suco de laranja, que ele fazia questão de fazer
Todos os dias, para proteger o organismo
Sentavam-se à mesa os dois
Com a voz do Eli Correa na mesa
Quando terminava, ela o ajudava a guardar os pratos
E sintonizavam no Gil Gomes
Suas histórias dramáticas combinavam tanto com a música clássica de fundo!
Depois ele ia dormir, pois precisava levantar as 19h00
Logo mais as 17h00, aquela chegava
E as 18h00 era hora de escolher o feijão para a janta
Com a hora da Ave Maria no rádio

Thursday, September 24, 2009

Dias nunca vistos antes em toda a eternidade


As flores que não são flores
Do vestido,
Parecem sorrir
E aquela vontade de concordar com algo que você não concorda,
Faz assentir a cabeça para cima e para baixo
Apenas escuta...
Ouve alguém dizer algo sem conhecimento algum
Guarda o que sabe para si
Um dia ele vai entender, será?
Uma pessoa a corta, naquela ânsia de falar e não ouvir
A deixa com a sua necessidade, quem sabe com isso será mais feliz
Isso não sufoca nem causa ansiedade como antes
É tão passivo que dá leveza
O mundo lá fora a chama, e ela hoje só quer ir para casa, dormir
Deixar esse dia passar assim
Só esse dia.

A casa da frente


Ela tinha um tucano, que quase falava, feito papagaio
A outra tinha uma galinha de estimação
Que andava presa a uma coleira
E assim também compartilhava a amiga da casa da frente
Que conhecia desde quando se entende por gente
A casa tinha cheiro de quadros antigos
Havia sempre algo no meio da sala de tacos de madeira
E nos dias chuvosos tinha brincadeiras de tabuleiros
Era tão escura, mas ao mesmo tempo naquela janela de aço entrava mais claridade,
Que a outra casa da frente
Existia um porão, como toda casa que tem história
Lá abrigava uma maquina de lavar antiga, papéis de revistas pela metade,
Poeira, carrinho de feira, coleira de cachorro inexistente
Era sempre fácil tocar a campainha e rostos mais familiares surgirem, a sorrir
Desciam as escadas a mexer o molho de chaves,
e já falavam um assunto que se iniciaria
Mais uma tarde de bolo com café ou pipoca para assistir um filme qualquer
O pai sempre balbuciava, e uma briga aconchegante surgia
A mãe reclamava, mas o som parecia música, e assim se sentia bem
Como aqueles adesivos da geladeira azul celeste
Queria ficar fixa ali, no quarto que abraçava com o teto baixo
Na penteadeira frascos de perfumes antigos
E as maçanetas das gavetas eram de cristal amarelado
Não parecia que algo de atrito estava no ar, e tudo era pacifico
Daquela varanda avistava a outra casa, e aquela visão era bem melhor daquele ângulo
Acenava para a mãe, e continuava ali, na casa da frente.

Tuesday, September 22, 2009


Sobre a primavera mais invernal de todos os tempos



Todos os olhos fechados
Todos
A cantar os cantos inaudíveis
Todas as bocas abertas
A falar frases ecoáveis
Todas
As palavras não ditas
Ecoam o vento torpe dos batuques
Todos os cheiros vazios
Todos
Demonstram a balbúrdia dos pretextos
Todos os ouvidos tortos
Todos
A apontar convexos horripilantes
Todas as mãos
Todas
A cortar os prelúdios refeitos

Thursday, September 17, 2009


Cegueira, sem ensaios


Vivemos com os olhos recônditos
Cubrindo cada vez mais grossamente paredes
que dividem verdades ou conversas que deveriam ser ouvidas
ouvindo coisas que não foram ditas
Voltando o olhar para o que é de fácil visão
Pois todas as coisas não estão na nossa cara
Talvez nada seja tão claro quanto ditam as pífias filosofias
que insistem a arrojar o que parece para si, simples.
E para olhar é preciso muita força além de abrir os olhos

Wednesday, September 16, 2009

Provinciando

Ela abriu os olhos
Parecia que estava em um pesadelo
Não havia espaço para respirar
Nem se mover
Muitas pessoas a olhavam
Quando ameaçava a pressão cair
Saiu depois de horas de viagem naquele trem
Mas voltou
E lá, senhoras flácidas andavam a falar alto
Olhando para cima das varandas
Mas voltavam os olhos para a fitar ofensivamente
Usavam sempre os cabelos presos
E às vezes derrubavam o molho de tomate na barriga
Os homens tomavam mais uma antes da janta, no bar
E a observavam sempre, nesses 28 anos de vida ali
Quando tentou tomar uma singela cerveja
Ouviu um não como resposta, alegando fechar o bar
As 10 da noite
Um deles não hesitou em correr para pegar o carro
E segui-la
Num misto de protecionismo sem nem ao menos conhece-la
mais
E aquela fagulha da fofoca que persiste ainda mais neles
Parece que estão sempre a cercear
E sabem de cor a hora que chega, a hora que sai, a roupa que usa
Por onde vai
Eles não sabem

Tuesday, September 15, 2009


“somos idiotas para sempre idiotizados (...)
Alegremente”


(...)
eles seguem escrevendo
despejando poemas…
jovens garotos e professores universitários
esposa que bebem vinho durante a tarde
enquanto seus maridos trabalham,
eles seguem escrevendo
os mesmos nomes nas mesmas revistas
todos escrevendo um pouco pior a cada ano,
lançando uma coletânea de poesias
despejando mais poemas
é como um concurso
é um concurso
mas o prêmio é invisível.

eles não escreverão contos ou artigos
ou romances
apenas seguirão
despejando poemas
cada um soando mais e mais como os outros
e menos e menos como eles mesmos,
e alguns dos garotos se cansam e desistem
mas os professores nunca desistem
e as mulheres que bebem vinho durante a tarde
nunca nunca nunca desistem
e novos garotos chegam com novas revistas
e há alguma correspondência entre homens e mulheres
algumas fodas
e tudo é exagerado e estúpido.

quando os poemas são recusados
eles os reescrevem
e mandam para a próxima revista na lista
e eles fazem leituras
todas as leituras que conseguem
de graça na maioria das vezes
esperando que alguém finalmente os reconheça
finalmente os aplauda
finalmente os congratule e reconheça o
talento deles
estão todos tão certos de suas genialidades
há tão pouco autoquestionamento,
e a maioria deles vive em North Beach ou Nova York,
e seus rostos são como seus poemas:
iguais,
e conhecem uns aos outros e
se congregam e se odeiam e se admiram e se escolhem e se
descartam
e seguem despejando mais poemas
mais poemas
mais poemas
o concurso dos cretinos:
tap, tap, tap, tap, tap, tap, tap, tap, tap, tap,…

(…)
de:O amor é um cão dos diabos

Bukowski.

Monday, September 14, 2009

*
Detruire, dit-elle*


E ela se cuidava
Porque quando estava bem, poderia se destruir de novo
Para se recuperar
E assim se destruir
E recuperar
Para destruir


*sic

Thursday, September 10, 2009



Flores

Marlene não tinha ninguém
Marlene tinha diabetes
Marlene ficou 15 anos internada
Marlene morou mais de uma década em um hospital de Recife
Marlene recebeu afeto e amor
dos funcionários do hospital em que viveu
Marlene vai ser enterrada em uma cova rasa
como indigente no Cemitério Parque das Flores.


http://jc.uol.com.br/canal/cotidiano/pernambuco/noticia/2009/09/10/morre-idosa-que-morou-no-hr-durante-15-anos-199088.php

Tuesday, September 08, 2009

Solidão
Sólido
Sólida
solidifica




...É como a paz daquelas tardes em algum corredor da rodoviária
A segurança por um gesto solidário de um total desconhecido
Ou a felicidade de aprender a flutuar sobre a água...
Essas desse tipo, dá prazer, traz sorrisos e alegria, e assim, compartilha-se.

Thursday, September 03, 2009

Eles têm medo
A gente não tem
eis !

Tuesday, September 01, 2009


Mundano ...a...
Mais um que parte sem conhecer.
Que tem medo do que parece só perfeição
Contradições do que é fugaz
Ou medo do imperfeito que estava prestes
Você não é o primeiro, e talvez não será o ultimo
E não é o único, nem nunca será
Sim, querido, não foi só para voce
Que tomei minhas letras como inspiração para falar
De coisas tão raras, sentimentos puros ou gestos sinceros
Só tenha como mérito que isso não acontece todo dia por aqui
Mas vai continuar a acontecer

Monday, August 31, 2009





...E como a gente sobrevive






Friday, August 28, 2009



Saúda, sauda , saúdo, saldo, saudade,
Sufoca, sufoco, sufocante, cante.

Monday, August 24, 2009


Ontem foi 23.
E os oito dias se encaminham para o fim do mês...

Friday, August 21, 2009


Simples.


E de que adianta largar o cigarro se a fumaça lá fora é tão mais grosseira?
De que adianta parar de beber, já quem morreu de cirrose possuía mais amargura ?
Que adianta se explicar se o que é para ser entendido já foi?
E de que adianta correr tanto se o atraso é pontual?
De que adianta fazer tanto se é sempre o mínimo que é grandioso?
Que adianta descansar se o cansaço chega sem esforço?
E de que adianta procurar motivos para o que é inexplicável se um dia eles surgem ?
De que adianta tanta raiva se ela não vai mesmo durar para sempre?
Que adianta ser esnobe se um dia vai ter que se confrontar com a realidade?
E de que adianta julgar os outros se isso não passa de projeção?
De que adianta esconder sentimentos se eles não pedem para ser mostrados?
Que adianta procurar outros motivos se aqueles não sairão do lugar?
E de que adianta se achar esperto se os outros também são?

Eu te pergunto, de que?

Wednesday, August 12, 2009




...E a falta de medo é o que sempre a deixa apreensiva ...

Monday, August 10, 2009




Querida loucura

Às vezes tão presente em tiques nervosos
Uma alergia súbita no rosto
Faz coçar e arrancar os cabelos
Os silêncios são irreparáveis
E nem com um roteiro na mão haveria assunto nessas horas
Um misto de falta de lógica, com senso de direção, vertigem, não sei.
De repente alguns nervos são estimulados, leva um susto, a perna mexe só,
Os braços vão embora,
Coisas assim.
Os gritos noturnos ainda são piores
Acordam os vizinhos do fim da rua, faz latir os cães, mas não a acorda.
Palavras ditas sem sentido quando o sono bate, outras sozinha , já nem percebe.
Metodismos extremos para quem é tão fora dos prumos
Contar os minutos do banho, para acordar, para vestir peça por peça
Pelo menos sabe que a percebe
Em paz ela assim lhe acompanha.
E os mais loucos serão os inconscientes

Thursday, August 06, 2009


Sobre Poderes




As bulas de remédio não falam
Nem minha mãe disse
Os médicos nem tocaram no assunto
Uma semana já passou
Não fui proibida de beber
E o cigarro está vetado em vários lugares mesmo
Vamos lá, mais uma vez!
Mesmo que em mesas populosas me mantive firme
Mas com uma cadeira vazia em frente eu não sou capaz
Ainda sou daquelas escritoras fracassadas que escrevem alucinadas,
Com uma caneta na mão, um cigarro no outro, e um copo de soslaio
A qual gera textos que nem serão lidos, nem tampouco publicados
Ou muito menos honrados, frente às massas
Em meio a tosses ou problemas digestivos, vou assim a acompanhar ...
...as letras esvaídas em linhas imaginárias, num bloquinho perdido na bolsa qualquer
E me junto à minhas letras ilegíveis em meio a entrevistas não quistas em horário de expediente. Descubro sempre
Que há fracassos que são sucesso
E nem todo sucesso é de um não fracassado

Monday, August 03, 2009

Da série: Auroras

Cinza



Quem vive aqui, está habituado a andar em bandos,
A fazer transito em cada canto , rua, calçada, avenida.
Gosta de apressar o passo, mesmo que não esteja com pressa
Quem mora aqui, é sucumbido a andar deselegante, com pausas curtas entre uma perna e outra, a correr pelas escadas por não querer se embrenhar no meio da rolante.
As pessoas desse lugar estão sempre cansadas, de mau humor, e muitas são agressivas
Não relutam em dizer uma palavra áspera, nem titubeiam em atropelar as outras, mesmo que seja através de um bruto esbarrão de braços, sem pedidos de desculpas.
Aos que acordam sob esse céu, frequentemente estão deprimidas, e não ficam tristes com isso. As chuvas torrenciais, as garoas finas e irritantes, as poças de água que molham os sapatos finos no fim do dia.
Os que conseguem dormir na metrópole, ou estão deveras exaustos ou já iniciaram algum tipo de terapia para fugir da loucura
Yoga, meditação, pilates, qualquer coisa da moda que os reeduquem, palavra preferida dos modernos que simplesmente define a falta de inteligência de alguns...
Para respirar, para ver, ouvir, comer, viver...
Mas há os que desmaiam, por puro efeito dos copos, ou elementos quase imprescindíveis para sobrevivência nesse ar cinza , esfumaçado, denso, torpe, sujo.
Alguns o fazem para comemorar, outras para esperar o transito passar, aqueles não sabem marcar outra coisa que não seja isso...E ali tem, mais uma mesa com um único.
Em prédios vários, habitam outros que compartilham a presença apenas com a luz de um equipamento, ou em seu quase raro contato com a natureza, embalam conversas irreais com seus gatos e cachorros.
Tornaram-se tão egoístas e mesquinhas, que nem sabem os motivos que assim são.
Há ainda os piores, os ambiciosos, que a maior parte transitável em grandes empresas, usam palavras, trejeitos e cursam a mesma escola da aparência, da plasticidade, e imprimem sempre a mesma marca, doutorados em convencimento de outros com ainda mais vácuos internos.
Lá fora estão todos falando alto, animados com mais uma sexta feira, e vibram com uma sensação de libertação , de algo que nunca deixarão de estar presos.
Possuem também a ilusão de que são avançados, em relação a outras cidades.
Mas são meros copiadores de moda da novela das 8.
Se vestem também de acordo com os outros habitantes, pois haverá sempre um lenço quadriculado de varias cores pendurado nos pescoços pálidos por aqui.
Todos costumam pensar que há lugar suficiente, que basta “mostrar o seu melhor”, mesmo que as pérolas sejam nada autênticas.
E essa é a grande ilusão dos que ali habitam.
Se acham tão importantes, e não representam nada .
Para as massas, para os números, para todos.



Wednesday, July 29, 2009


Da série : os abalos da Medicina Parte II


Ou: E eu nunca imaginei que faria yoga na vida...

Por favor você pode falar mais alto durante as orientações???
Eu tenho problema de audição!!!

Sunday, July 26, 2009


Da série: os abalos da medicina

- Então, o que deu?
-Nada grave
-Ah, que bom!
-Apenas uma esofagite e uma hérnia
-Hã???
-Mas depois você conversa com seu médico
-Ah, então não era gastrite...
-Não, você tá com gastrite, também!

Thursday, July 23, 2009






“... porque os espíritos pobres nunca enriquecerão...”

Monday, July 20, 2009


Saúda aos temores...

muito bem vindo, Sr. Caos.

Friday, July 17, 2009


De volta


Andando na linha
Da faixa adaptada para cegos
Subindo a escada ofegante, enquanto a rolante não vem
Enojada com a quantidade de chicletes grudados por ali
Num chão sujo da passarela da Rebouças
Correndo novamente atrás do ônibus laranja
E do trem azul
Dormindo nas voltas raras para casa
Olha o relógio digital assim que o céu surge
Em meio a algumas árvores existentes ali na Faria Lima
É 8h44, de novo.
Dá tempo de chegar na Consolação , sem pressa
Comprar o mesmo pão na chapa na padaria da esquina
Depois admirar o sol por entre os prédios, afanado pela persiana
Cheiro de fumaça, que acolhe.
Não irrita tanto mais
A quantidade de pessoas que formam transito
Na calçada
Sempre a cantar ou falar sozinha
Passada a ressaca , dá até vontade de andar por lá hoje de novo
Na Augusta
Mais uma vez vai conversar com garçons, que não encontra novamente
Não entende o porquê
Deixou de ir no cinema hoje
É quinta feira, faz uma semana
Que acordou as 18h00

Friday, July 03, 2009




Ela às vezes parecia desamorosa quando enchia a boca de cerveja ou qualquer outra bebida ocupando o espaço de um beijo.
Ela dispersa rápido, por mero jeito desligado.
Desligada, às vezes deixa ou faz coisas por mera distração.
Agora tenta ficar atenta a tudo, mas se cansa mais rápido.
Às vezes prefere a vida às pessoas, pois algumas já estão meio mortas.
Frequentemente se deixa levar por acessos de afeição intensa a algo no ar que a toma como se não precisasse de mais nada.
Arrepia-lhes os pelos do braço, esquenta os olhos, palpita o peito, trava a saliva, algo que parece ser além da sua própria vida.
Parece irreal para alguns, mas quando vê revela tanto coisas que muitos levam quase a vida toda a sete chaves.
Desajeita um abraço às vezes, e os dá no imaginário só, quando enche os olhos de brilhos saudosos.
Sempre a ter imagens de coisas vivazes em cor, forma, cheiro, luz, vozes, frases, como se assim fosse mais presentes do que realmente foi um dia.
Ela não para nunca, e sempre para.
Não costumava gostar de textos diretos sobre sua pessoa, ou frases tomadas de músicas ou escritores impressas em perfis sociais, mas vê que a subjetividade às vezes revela mais do que deveria, e ainda assim guarda coisas que nem ela sabe, e talvez nunca saiba.

Thursday, June 25, 2009



Não desce mais leve
Leve não desce mais
Desce não mais leve
Mais leve não desce
Não mais leve desce
Leve desce não mais
Desce mais leve não
Mais não desce leve
Não leve desce não
Leve mais não desce
Desce não leve mais
Mais desce leve não
Não leve desce mais

Tuesday, May 19, 2009


Antes inalava cheiros fortes
Hoje troca-os pela cor real do cabelo
Naqueles dias sugava até não caber mais ar
Agora se apressa para o cigarro acabar
Geralmente não se reconhecia de manhã ao escurecer o seu olhar
...às vezes esquece que a cara lavada já durou todo o dia
Pintava de preto as nuances de seus dedos
Agora aceita qualquer luz alegre para escrever
Antes era a partida que a movia,
hoje é a vontade de chegar.

Tuesday, May 12, 2009

estamos em manutenção interna p. melhor atendê-los
logo em breve e subitamente mais textos...

Thursday, March 19, 2009


Posicione-se



De pé permaneço para com o lado descansar
Movo assim quando desperto
e curvo em sinal de ameaça.
Flexiono para esconder
e desapareço, quando desequilibro.
Quantos passos, sem sair do lugar!

Monday, March 09, 2009

Ventos






Alguns diretos, intensos, passam por entre as pessoas e limpam todo o corredor de gente com uma levada de folhas, sujeira e pó. Outros chegam de leve pelos cabelos a arrepiar alguns fios , para depois soprar os ouvidos , e de volta mais tarde para esfriar os tornozelos.
Em horas de distração , batem na janela e adentram pelo quarto a derrubar papéis , inverter bilhetes e com força derrubar calendários.
Brisas leves tão discretas promovem frescor no ambiente sem ao menos se fazerem existir. Propensos a tornados, assustam donas de saias levantadas e chegam a dar um empurrãozinho nos mais magros. Ventos, ventos, ventos, chegam diferentes a cada entrada triunfal pelas cortinas, e partem da mesma forma.
Assim como vem, vão embora, e tristes aqueles que não o criarem no balanço das mãos.

Wednesday, February 25, 2009

A volta que sempre vai



Estava só, a pensar em coisas já impensadas e aí percebeu que com tanto silêncio as palavras não ditas tomavam mais fúria para sair de uma clausura que há alguns instantes atrás era suave paz serena . Mas com o impulso das frases prestes a se formar, ela sentiu um desejo forte, que como por vida própria a fizeram escrever.
E percebeu o que ficava tão à frente dos seus olhos: para escrever basta uma folha e uma caneta. Assim sentiu-se tão liberta de qualquer dificuldade, como se escrever sempre seria possível mesmo que só, sem grana, sem crédito.
Ah as palavras pareciam bailar em um ar livre e deixam um rastro de brilho imaginável .
E assim certificou que era essa a felicidade que tanto buscávamos.
Ficarmos sós conosco de uma forma incansável, pois lá dentro era habitado não por várias personalidades, nem duplas faces, mas por inúmeras possibilidades de frases!
As palavras estariam sempre lá, mesmo quando não escritas.
E escrever seria provável até quando não escrito , pois estava desde sempre a preencher seu caderno de folhas gastas , a fazer tudo alí dentro funcionar como o movimento de suas páginas.