Wednesday, September 16, 2009

Provinciando

Ela abriu os olhos
Parecia que estava em um pesadelo
Não havia espaço para respirar
Nem se mover
Muitas pessoas a olhavam
Quando ameaçava a pressão cair
Saiu depois de horas de viagem naquele trem
Mas voltou
E lá, senhoras flácidas andavam a falar alto
Olhando para cima das varandas
Mas voltavam os olhos para a fitar ofensivamente
Usavam sempre os cabelos presos
E às vezes derrubavam o molho de tomate na barriga
Os homens tomavam mais uma antes da janta, no bar
E a observavam sempre, nesses 28 anos de vida ali
Quando tentou tomar uma singela cerveja
Ouviu um não como resposta, alegando fechar o bar
As 10 da noite
Um deles não hesitou em correr para pegar o carro
E segui-la
Num misto de protecionismo sem nem ao menos conhece-la
mais
E aquela fagulha da fofoca que persiste ainda mais neles
Parece que estão sempre a cercear
E sabem de cor a hora que chega, a hora que sai, a roupa que usa
Por onde vai
Eles não sabem

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