Tuesday, May 16, 2006

Ainda não

Ontem dentro do carro da revista presa por 5 horas no trânsito, não sei como encontrei tanto assunto para falar com o motorista ao mesmo tempo em que fumava, roia as unhas, olhava apreensiva da janela do carro do alto da ponte , atendia ligações de uma mãe preocupada que assiste ao programa do Datena todos os dias, e reprimia a tensão cada vez que o repórter da rádio trazia mais algum dado sobre aquele dia que mais parecia o último.
E algumas dores nas costas a mais além de lágrimas quentes de ódio e cansaço não iriam mudar as ações e a inexpressividade mórbida do governador que garantia estar tudo sobre controle.
O taxista que tinha me levado de manhã dizia com um olhar atônito e mãos tensas que era a favor da pena de morte, porque todo bandido tinha que morrer.
E eu inutilmente tentei reverter um pouco o seu ceticismo com palavras torpes sobre a desigualdade social que assola o nosso país desde que foi colonizado.
Talvez se essa confusão generalizada durasse mais alguns dias quem sabe aquela minoria de alienados seria atingida e algum deles questionasse o real sentido disso tudo...
Porque hoje as coisas voltaram aos seus lugares, e tudo continua como era antes, e não deveria ser.
O ser humano preocupa-se com o mundo somente quando a sua falsa tranqüilidade particular corre riscos.
Se os seus interesses não são atingidos, ele continua a pensar que tudo está sob controle.A viagem marcada, o ultimo perfume daquela marca, o carro do ano, o sapato novo, e o que é pior: o status, algo que não tem valor, e que eles acreditam ter conquistado quando possuem algum motivo para se vangloriar acima dos demais.
Coisas tão mesquinhas que nunca tiveram valor algum para mim, e que nesses últimos dias me trazem mais náuseas por perceber como são importantes para a maioria.
O que eu mais queria ontem era voltar para a minha casa onde poderia ter algum tipo de paz, pelo menos no meu quarto.
E o que é mais irônico é sentir tranqüilidade ao me aproximar da minha rua, no Jardim Ângela.E o que é mais bizarro, é chegar na minha casa e me sentir bem, apesar de tudo continuar o que foi ontem, e é hoje...
E eu não estou disposta a expor tudo que penso sobre o controle do tráfico no Brasil , gerado por camadas extensas da população isoladas em verdadeiros guetos, sem condições mínimas de sobrevivência e oprimidas por uma sociedade cega.
Eu estou verdadeiramente cansada de tudo e de todos, de qualquer ação, de qualquer movimento, de qualquer sentimento seja ele puro ou não.
Talvez amanhã eu esqueça novamente esse desejo de sumir daqui como por um passe de mágica, um coma de 5 anos, ou uma guerra que eliminasse boa parte da população , pra começar tudo de novo, inclusive sem mim.

6 comments:

A grávida said...

pena de morte.. o taxista, ou sei lá o q que disse uma abobrinha dessas, nem pensar pensa... se bandidos passam por confrontos quase diários nas favelas/morros com policiais e vêem a morte de perto, vão ter medo de pena de morte? por essas e outras q eu acho q democracia nao funciona bem em país de mentalidade tupiniquim.

Anonymous said...

Suzana para a presidência...

Vc explicou assim para o taxista?

E eu inutilmente tentei reverter um pouco o seu ceticismo com palavras torpes sobre a desigualdade social que assola o nosso país desde que foi colonizado.

Por isso ele prefere a pena de morte. Ele jamais entenderia isso.


PS: Pq eu tô comentando?

Anonymous said...

ahuahauhauahuahuahauhauhauahuahauha

Anonymous said...

S u i c i d i o

C i d a d ã o

Anonymous said...

Defender a pena de morte é o maior sinal de cegueira q se pode ter.
Nada se altera,veja as estatisticas da nação estado unidense...
Alem do mais,dar trela pra taxista é o fim mesmo,raros se salvam.

Anonymous said...

é o fim mesmo dar trela para o taxista e outros seres..
o pior é a perda de tempo como agora respondendo ao seu comentário...!!
ahuahauahuahuahua