Thursday, February 01, 2007



Do outro lado da janela



Sonhei que eu podia fumar um cigarro dentro do seu carro, enquanto conversávamos sobre a vida.
Você me deixava abrir os vidros mesmo com a garoa chata que caía lá fora.
Eu me olhava no retrovisor ajeitando os cabelos, e sentia alguns fios molhados daquela chuva.
Você erguia uma mão só no volante e a outra apoiava a cabeça na janela fechada, olhando para frente com um olhar de cansaço, e a boca entreaberta, como se ensaiasse um desabafo.
Eu notava os motivos pelos quais eu também me inquietava e iniciava a conversa.
Você não hesitava em confirmar, e dizia:
-Nem tudo deve ser tão perfeito, perfeito. Não dá tempo de viver assim...Você vê, estamos todos estressados, e infelizes...
Acordei e te vi no corredor, da porta do meu quarto.
Você estava parado na outra porta e me olhou simpaticamente, como se estivéssemos realmente tido aquela conversa.
Me senti extremamente bem e não tive dúvidas.

2 comments:

Elisandro Borges said...

Adoro o jeito que vc narra seus textos! E eu já desisti de perfeição. O que importa pra mim agora é conseguir o melhor que posso de mim. Ter consciência de tudo o que pensamos a respeito da vida, pois muito do roteiro que a gente segue um dia passou pela cabeça. E o que a gente pensa provavelmente tenha a mesma importância do que o que a gente faz. Pensar sobre a vida é muito bom. Fazer a vida do jeito que se pensa pode ser melhor ainda, ou não, só depende do que a gente pensa e faz dessa vida. Realmente não dá tempo de ser assim, perfeito, humano e perfeito - não combina. E de vez quando a gente ainda tenta, mas perde tempo. E não dá pra perder tempo, não dá pra ser perfeito.

bjo!

Anonymous said...

Vc tem grandes dotes telepáticos hahahahahaha...

Beijos