Humanos

"...A natureza divide o homem em duas classes: uma inferior, a dos ordinários, espécie de matéria, tendo por única missão reproduzir-se; a outra superior, compreendendo os homens que tem o dever de lançar no seu meio uma palavra nova. As subdivisões apresentam traços distintos bem característicos.
À primeira pertencem, em geral, os conservadores, os homens de ordem, que vivem na obediência e têm por ela um culto. Na minha opinião, são até obrigados a obedecer, porque é essa a missão que o destino lhes impõe, e isso nada tem de humilhante para eles.
O segundo grupo compõe-se apenas de homens que transgridem a lei, ou tentam transgredi-la, segundo os casos. Naturalmente os seus crimes são relativos e de uma gravidade variável.
A maioria deles reclama a destruição do presente por causa do melhor. Mas, se em defesa da sua idéia ,forem forçados a derramar sangue, a passar sobre cadáveres, eles podem em consciência fazer uma coisa e outra - no interesse dessa idéia ,é claro.(...)Demais não há motivos para nos inquietarmos a esse respeito: quase sempre as massas não lhes reconhecem esse direito : cortam-lhes a cabeça ou enforcam-nos , e desse modo exercem a sua missão conservadora até o dia em que essas mesmas massas erigem estátuas a esses mesmos supliciados e os veneram .O primeiro grupo é sempre senhor do presente, e o segundo é o senhor do futuro. Um conserva o mundo, multiplica-lhe os habitantes; o outro move o mundo e o dirige. Estes e aqueles têm absolutamente o mesmo direito à existência (...).”
À primeira pertencem, em geral, os conservadores, os homens de ordem, que vivem na obediência e têm por ela um culto. Na minha opinião, são até obrigados a obedecer, porque é essa a missão que o destino lhes impõe, e isso nada tem de humilhante para eles.
O segundo grupo compõe-se apenas de homens que transgridem a lei, ou tentam transgredi-la, segundo os casos. Naturalmente os seus crimes são relativos e de uma gravidade variável.
A maioria deles reclama a destruição do presente por causa do melhor. Mas, se em defesa da sua idéia ,forem forçados a derramar sangue, a passar sobre cadáveres, eles podem em consciência fazer uma coisa e outra - no interesse dessa idéia ,é claro.(...)Demais não há motivos para nos inquietarmos a esse respeito: quase sempre as massas não lhes reconhecem esse direito : cortam-lhes a cabeça ou enforcam-nos , e desse modo exercem a sua missão conservadora até o dia em que essas mesmas massas erigem estátuas a esses mesmos supliciados e os veneram .O primeiro grupo é sempre senhor do presente, e o segundo é o senhor do futuro. Um conserva o mundo, multiplica-lhe os habitantes; o outro move o mundo e o dirige. Estes e aqueles têm absolutamente o mesmo direito à existência (...).”
Fiódor Dostoiévski em Crime e Castigo
2 comments:
sobre o livro, nem preciso tecer comentários, é o top dos tops!
e sobre as pessoas... há PESSOAS e pessoas, né?
ainda há "pessoas-humanas"..essas q fazem a nossa existencia aqui no mundo ser menos desesperadora...
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