
Vida
Quantos morrem ainda vivos, quantos escondem seus viços e pulsações... E ainda assim procuram argumentos para justificar a ausência deles consigo mesmos.
Ser vivo é perigoso, nocivo e cruel.
Estar vivo é uma condição natural e cômoda para alguns, exceto quem está com alguma doença grave, vive sob ameaça de guerra, ou é perseguido por algum grupo terrorista.
Cada passo dói profundamente, para quem pisa com força, mas ainda sim é melhor, do que se arrastar acrescendo peso aos pés.
A vida não é bela, não é esperança, não é Deus, não é luz, não é sol...
Esses elementos estão intrínsecos à ela, mas não a tornam ser o que são.
Pois viver é arriscar, é sofrer, é machucar ferida sobre ferida, é querer fugir quando as escadas dão para porões escuros. Mas mesmo sendo tão injusta para alguns, há sempre um momento gratificante, quando podemos suspirar e nos sentir aliviados por um frio que passou aqui dentro.Porque eu prefiro o frio na barriga à barriga vazia !
Durante muito tempo quis morrer, e apesar de ainda ter asco a alguns fatores desse mundo, à espécie humana em seu ápice de hipocrisia, mediocridade e mesquinhez, eu desejo agora não estar, mas ser viva. Embora mantenho um realismo mais cruel que o pessimismo, acredito em “pessoas-humanas”, aquelas que surpreendem, aquelas que nos fazem ser melhores e desejar ficar por aqui mais um pouco.
Sem parecer escritora de livro mais vendido na seção de auto-ajuda, eu posso afirmar que desejar a morte tão verdadeiramente me fez querer viver.
Podemos acusar a nós, somente a nós mesmos. Isso é assustador ,é como se apontássemos a arma para o nosso peito. Se não for assim, não vale a pena viver, não vale a pena mofar dentro das nossas cabeças.
Há mais vida no erro, do que na polidez, e enquanto o pulso ainda vive, polimos o que é preciso ser polido, dentro da nossa casa, colocando o pó para fora, para depois tentar limpar o quintal ou a rua. Enquanto a rinite congestiona nossos narizes dentro do quarto, não podemos ver os lugares já limpos ali fora, e acabamos por não encontrar a sujeira realmente.
2 comments:
por isso que eu amo os doidos!
como diz minha mãe: os doidos, pelo menos, são inquietos, sempre buscando respostas, saídas, ao contrário dos normais, que pensam que são normais, mas são vazios...
Viver não é, nunca foi e jamais será fácil. Mas isso não é motivo pra desistirmos. Errar, acertar. O importante é tentar fechar com um saldo positivo.
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