Wednesday, February 28, 2007




...E era aquele momento em que o sol finalmente se põe por completo, e algumas nuances mais escuras invadem os quintais.


O calor é ameno, mas a sensação de paredes confortáveis a céu aberto fica intacta.
A garotinha de cinco anos, a puxou pela mão e apontou com susto e curiosidade para uma lesma que andava nas paredes lá fora.
Ela era enorme, sua cor verde musgo reluzia o brilho daquela pele gosmenta e ao mesmo tempo rígida.
Como algumas brincadeiras sórdidas atravessam décadas, pediu para que sua tia fosse com ela até a cozinha para pegar um pouco de sal e voltar lá para fora.
Entre uma jogada e outra de cloreto de sódio, o molusco que sofre com a desidratação ao ter esse contato, foi logo esmorecendo...
O rastro luminoso que deixava no muro aos poucos ia tomando forma dos seus tentáculos.
-Ela está diminuindo, olha!
-Que nojo, ela caiu...
E assim foi, até despencar da parede até o chão. Aos poucos aquele corpo tomou forma de uma minúscula poça de gosma verde e fluidos transparentes.O processo é relativamente rápido, haja vista o metabolismo tão lento do ser.
Sem nenhum grito, nem um alarde, apenas a limpeza de sua parede foi feita. Nem piedade era possível sentir, pois ela não demonstrava dor. Pobre ser...Desapareça! E assim mantenha minhas paredes limpas.



5 comments:

Anonymous said...

Tô morrendo de sono, são 2:00 da manhã e tenho que acordar 7:00. Só pra te agradecer, Suzanete! Valeu muito pelo elogio das fotos! Fiquei muito feliz...

Depois passo aqui com mais tempo.
bejuuu.

A grávida said...

heheheehehe... nossa, esse negócio de jogar sal na lesma... poxa, seu texto reativou minha memória!

A grávida said...

coisas assim praticamente não existem mais...

Anonymous said...

Que exemplo de tia. Se tia é assim, imagina quando for mãe hahaha...

beijos

Gabi said...

ah! detalhe para o olho torto do cara da foto, jogaram sal em um olho dele tb.