
No meu tempo
Não havia computadores, nem máquinas de escrever.
Na minha casa.
E naquela época,
Não existia a possibilidade de deixar um recado público.
E nem ao menos chamar alguém imediatamente para uma conversa.
Para marcar um encontro, era preciso ouvir a voz, ao menos pelo telefone.
Tomar coragem de pegar o telefone, discar o número que, romantizado em sua combinação, marcava o dia, as horas, e as intenções com sua sequência.
Não ligar mais, era um fator concreto, que poderia afirmar algo ou um simples esquecimento.
Que não seria lembrado com conversas banais online.
E não confundia intenções ou o tipo da conversa em um final de tarde entrecortado nas realidades distintas dos dois lados.
A saudade era mais possível.
O desgaste das fotos, dos perfis, das palavras, jogadas em uma página eletrônica não existia.
Para se ter noticias de alguém era preciso visitar essa pessoa, em sua casa, na escola, ou em qualquer lugar.
Impossível falar com mais de uma pessoa, sobre o mesmo assunto, no mesmo tempo.
As ligações de telefone também ficariam caras.
E talvez por isso, era preciso escolher, a quem ligar sob o que se pretendia.
Algumas vezes, ainda mais longe de hoje, ensaiava-se um diálogo imaginário, para não se perder tempo, em espaços mudos de conversas.
E todas essas parafernálias são para economizarmos nossos minutos frente à realidade imaginada.
É como se condensássemos a perda de tempo em vários profiles.
Ninguém escreve mais cartas, nem cartão de natal.
E há aquelas pessoas que acham que assim economizam papel, e reduzem o desgaste do planeta.
Será que alguém gastaria tanto papel e tinta de caneta falando besteiras?
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