
Fim de mês
Mosquitos de verão. E agosto ainda não terminou.
Sobem por todos os cantos, parede, suas teclas, passam pelos olhos, enroscam-se nos seus cabelos, criam zumbidos no seu ouvido, rodopiam em um balé desesperado e mudo.
Um dia ainda batia portas de aço ao gritar por uma rua de bares de esquina, bancos de madeira verde claro entre cachorros perdidos, em outro volta para sentir um pouco do ar que perdeu em janelas de tons falhos de laranja.
Não antes de receber doses de nitrato de oxigênio, enquanto suspira aliviada entre fumaças gélidas que te traz de volta a uma vida mais colorida após passar por jalecos brancos e cobertores quadriculados cinzas em um plantão da madrugada. Olha pra cima e o que vê é fumaça e pensa como é bom desintegrar todas as coisas, reduzi-las e assim causar a real importância do que algo é em sua realidade, lá na poça ou em pó, que se espalha e multiplica, tornando-se vários pelo mundo, sem nunca saber de onde veio ou ao que pertenceu antes.
Acredita em um céu menos sufocante assim que agosto terminar, para quem sabe visualizar nuvens de um azul mais escuro, em noites limpas e claras como um novo dia, sinceras por não prometer tanta claridade que vai dispersar, hora ou outra. Não anda de máscaras por aí, nem poderia, já que elas pesam muito: os fios, e nem os galões de alumínio a acompanhariam.
Sem entender várias coisas,
fica.
Como.
pode ter?
Decidiu não absorver mais ou com tanta radiofreqüência, embora continue a acreditar ou lembrar de palavras e nomes impregnados em seus dedos enrugados por um tempo tão curto dentro da água.
Sim, aqueles que apregoam ditos não estabelecidos ou nem sequer são de fato o que vieram fazer ao mundo, mas não vai desmitificar lençóis forjados em papel de cartolina.
Assim enoja-se de cartazes súbitos a falar com línguas soltas de purpurina na sua nuca esnobe por alguma faixa continua de linhas brancas em um circulo que acredita habitar cones implantados milimetricamente entre pontes.
Pois de fato tudo aquilo que pensou um dia ali com orelhas grudadas em copo no asfalto, ecoava do outro lado da parede e fofocava contos e conversas que um dia já suspeitou.
Quer mais um ano que agosto passe, e assim poderá limpar todas as veias e artérias abruptamente corroídas por um tempo calculado em agendas de um povo que nem conheceu, mas que espalhou por ali as letras em páginas arrancadas dos cadernos intermináveis de sua memória criada...
1 comment:
Incrível, Su!
Assim é o fim de agosto.. hehe
bjos,
Bea
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