Wednesday, August 02, 2006

“A minha missão, (...) é mostrar a verdade e capturar a mentira (...). Não têm inocentes: tem espertos ao contrário”.

“Isso aqui é o depósito dos restos. Às vezes é só resto, ás vezes vem também descuido. (...) Conservar as coisas é maravilhoso. Lavar, limpar e usar mais, o quanto pode. As pessoas têm que prestar atenção no que elas usam no que elas têm. Porque ficar sem é muito ruim.”

“Eu sou perturbada, mas lúcida. Eu sei distinguir a perturbação.”

“A solução é o fogo. Queimar tudo e pôr outros seres no lugar. E eu to dentro, pode queimar. Se for para o bem, para a verdade, pela lucidez de todos, eu posso ir agora, neste segundo.”

“Sabia que tudo o que é imaginário existe, e é, e tem?”

Essas frases são de Estamira, uma catadora de lixo com problemas psiquiátricos (ou sem problema algum), que virou personagem em um documentário de Marcos Prado, estreado no final de Julho, e que já ganhou 24 prêmios em festivais no Brasil e exterior.

Seu Jorge Parte II

Ontem depois de ler uns textos do Seu Jorge e ficar impressionada com a poesia, a lucidez ou a falta dela em algumas palavras que poderiam ser difíceis de surgir no seu vocabulário, quis ajudar de alguma forma. Divulgar seus escritos, conseguir fazer algo por ele, não sei...
- Ai eu queria tanto ajudar ele...
- Ajudar como Suzana? Levar ele pra sua casa? Fazer um filme com ele? Esse “assunto” já ta batido, ninguém quer saber mais.
E é verdade. Ninguém mais se interessa em historias de sobrevivência, nem como vivem pessoas na rua. A mídia já aprofundou tanto o assunto que não é mais novidade e não mais sensibiliza. A gente assiste a esses casos agora como se fosse um filme dramático qualquer.
E hoje, por coincidência ou não,quando li sobre essa mulher aí das frases acima tive a certeza que o assunto se excede, mas sempre haverá pessoas mais normais que o resto dos humanos pra jogar as verdades na nossa cara.
E essa realidade me traz uma estranha combinação de conforto e inquietude.

6 comments:

Anonymous said...

Credo Suzana...

meu braço está arrepiado depois de lêr as frases...

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talvez eu fui meio rude dizendo que o assunto já estava meio batido...mas é verdade, como ele tem tantas pessoas,e pq ele seria especial??

é a mesma coisa de pegarem a minha ou a sua história e contar, tb vai ser batido pq somos iguais a tantas pessoas...

a única coisa que o tornaria diferente é como a história seria contada para quem não o conhece...

vc entendeu???

mais uma vez eu com minhas idéias capitalistas de como o filme seria vendido...

A grávida said...

bom, eu concordo com o comentário ai de cima, da gabi... são tantas histórias, algumas mais e outras menos, mas no fundo histórias... história até comove as pessoas, mas no dia seguinte elas voltam ao normal, esquecem... e assim caminha a humanidade.

Suzanna Ferreira said...

isso! e é assim q caminha a humanidade..
com variaçoes do mesmo tema....!!

Monique K said...

e porque ajudar seria fazendo um filme .. divulgando textos ... a muitas outras maneiras ....

Suzanna Ferreira said...

eh...
eu sei..
q ha outras maneiras.........
vou pensar.. =)

Anonymous said...

Literatura de rua hermanos, o Igor achou uma solução. É dificil ser original em um mundo onde tudo já existe e tudo já foi dito, como comentei no blog do Igor, mas me desculpem, nada é mais batido do que a apatia do povo.