“A pobreza amplia a tragédia”
Depois de ficar inconformada (inutilmente) com a noticia de que um motorista de ônibus da cidade de Nova Odessa teve 90% do corpo queimado durante um atentado, entrei em um misto de revolta com orgulho doentio da organização e inteligência das facções criminosas, que conseguem promover uma guerra para contestar os seus “direitos” e ainda manifestam em artefatos de revolução a sua ideologia.
Uma garrafa pet de plástico, cheia de pólvora e pregos, com dois longos pavios foi deixada depois de uma troca de tiros entre policiais civis e criminosos durante a tentativa de um atentado contra uma delegacia na Zona Leste.
Os suspeitos foram presos e abandonaram o artefato, que tinha essa frase aí do titulo colada.
Todo brasileiro que consegue usar o mínimo do seu nível de consciência e comoção nacional percebe que é obvio a progressão de tragédias quando a desigualdade é gritante.
Mas ainda assim, a via de acesso para expor essa idéia é sombria e ao mesmo tempo carrega uma estranha necessidade.
Desde que o mundo aprendeu a usar armas para lutar por objetivos justos ou ambiciosos, o sangue de inocentes foi derramado.
Fico perdida em números cada vez mais abstratos em relação a quantos “suspeitos” foram assassinados nessa guerra. Os jornais estampam algo em torno de 300 desde quando a guerra começou, em Maio. Já a lógica de um critico mais real e contundente como Férrez, aponta algo em torno de 500 entradas no IML. É como diz o secretário de segurança: “Até que se prove o contrário, eles são culpados”.Ou a célebre e fatídica declaração “Está tudo sobre controle”.
Não caiu nenhum político, nem artista Global, que mereça 1 minuto de silencio em rede Nacional, ou uma homenagem emocionante em que outros famosos vestem uma camiseta branca com dizeres de paz em protesto.
A classe média alta precisa se refugiar em casa depois de um dia difícil norteado de noticias alarmantes. Assim como a maior parte da população pobre , que sofre andando quilômetros na volta do trabalho com a ausência de ônibus .
A disparidade entre elas é que o rico relaxa em seus aposentos, saboreando um vinho alemão e agendando alguma viagem para fugir do caos durante esses dias. O cidadão comum lamenta as mortes dos seus amigos inocentes da periferia, e se cala com a boca seca , sem encontrar vias de acesso efetivas para falar sobre a sua angustia.
É o que nos resta ver cenas de velórios e familiares aos prantos na TV, clamando por justiça e direitos humanos. Mas quando essa guerra acabar, as pessoas voltarão à suas rotinas alienantes, trabalhando incansavelmente , servindo à patrões de poder vastamente centralizado e usando os seus míseros salários em parcelamentos infindáveis nas Casas Bahia e Marabraz, que ficaram fechadas durante os atentados.
3 comments:
Me senti lendo o jornal agora...rs
Brincadeira, tento não discutir isso, talvez por não aguentar mais falar sobre isso, prefiro viver minha realidade inventada...
...trabalhando incansavelmente , servindo à patrões de poder vastamente centralizado e usando os seus míseros salários em parcelamentos infindáveis nas Casas Bahia e Marabraz, que ficaram fechadas durante os atentados.
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