Tuesday, April 18, 2006

No ônibus hoje de manhã…

Ao passar pelo corredor sempre tento escolher bem um lugar para sentar.
Quando está vazio, olho para o fundo e fico atônita em direção aos últimos bancos antes da porta, aqueles mais altos, que dão um ar de superioridade em relação aos demais passageiros durante a viagem. De lá dá para ver tudo...A rua e os passantes com mais detalhes e também as caspas e camisetas furadas das pessoas que sentam no banco da frente.
Mas em um instante lembro do assalto que eu passei bem no meu lugar favorito do ônibus, e decidi desde então sentar no primeiro banco, grudada no cobrador.
Hoje era dia de optar com quem sentar, pois em todos os bancos duplos havia alguém no lugar da janela. Nesses casos enquanto passo pela catraca, olho para todos os seus rostos, e tento imaginar quem poderia me encher o saco no meio da viagem, olhando para o que eu leio, ou tentando puxar assunto sobre o transito, o tempo , assassinatos ou acidentes.
Ah, uma velhinha com casaquinho e toquinha de tricô! Velhos em ônibus geralmente são chatos, mas eliminei esse preconceito, pois ela me parecia tão amável e silenciosa.
No instante que eu sento ela começa a falar algo, mas para si mesma, ao mesmo tempo em que move a cabeça para os lados e gesticula as mãos, indignada.
Loucos, eu não tenho medo nenhum deles... Vivem na normalidade de um mundo próprio e se assustam com essa estranheza do nosso cotidiano, nada mais natural.
Mas depois de uma meia hora a mulher deu um pulo do banco...
-É aqui? É aqui a Marginal?
Silencio tedioso... E ninguém responde a pobre senhora que perguntava aos ventos.
-Não, ainda não.
-EU PRECISO DESCER NA VERBO DIVINO!
-Ah, a senhora desce no ponto do Carrefour, e volta uma rua. Eu aviso quando tiver chegando.. vou descer depois mesmo.
-Ah tá... brigada... É porque a fulana me falou que era para descer no ..e bla bla bla...
Esse trânsito de hoje tá muito...... e eu achei q não ia estar tão frio assim e.....
Mas aí eu tinha parado de andar de ônibus sabe, porque essa violência minha filha... (Algumas coisas eu realmente não consegui ouvir, pois desliguei o meu senso de percepção a coisas externas)
Continuo lendo e me lamentando que a velhinha não era louca.
Mais um pulo..
-É AQUI QUE EU DESÇO:?
-Não, tá longe, calma... Eu aviso a senhora quando estiver chegando..
-Ah ta... brigada...Desculpa, não queria atrapalhar, você tá lendo não é? Hummm.. Informação... É sempre bom né?...Se bem que eu parei de ver o jornal sabe... Tanta desgraça minha filha e bla bla bla.....
Aí uns três pontos antes um cara do lado grita..
-SENHORA, É O PRÓXIMO!
E eu tento consertar...
-É depois de dois pontos, se a senhora quiser ir passando para trás já adianta...
E a mulher dá o sinal.
O moço que tinha orientado antes, ainda tão prestativo grita...
-NÃO TIA... NÃO É NESSE..A TIA VAI DESCER NO PONTO ERRADO HEIN?Hehehe..

3 comments:

Anonymous said...

coitada da mulher...

A grávida said...

em ônibus sempre têm um tipo desses q abre a matraca e não fecha mais e não me deixa olhar a paisagem pela janela em paz... haha

Anonymous said...

Eu "si" divirto!!! Hahahahahahahahahaha. Caraca! Cê tem certeza que não inventa essas histórias, Suzanoca?

Não tem lógica!

Beeeeeeeeeeeeeeeeeeijo!