Monday, April 25, 2011


Por todas as tardes graciosas sem querer, assim como cada galho que se move em um reflexo de um espelho branco.
Nuvens que cobrem palavras atrás de alguns parcos raios.
Linhas para entrelaçá-los, como comuns, a destruírem seus corações de algodão.
Lã que tece quadriculados estratégicos, mas inúteis.
Não trazem o ar, e não cobrem o vazio.


trilhas

SONORAS.

Sunday, April 24, 2011


Domingo

Conversava com prédios coisas inconfessáveis, prendia a sua xícara de chá no vão da janela, enquanto vertia o cigarro entre quadriculados falhos da sacada, e derrubava algumas cinzas sem querer no andar de baixo.

Com isso olhava para o vão entre eles como luzes vazias em um eco de um corredor qualquer.

Nunca pensou em contar luzes unidas como uma nuvem cintilante de pessoas desconhecidas.

Mas sempre escorava repentinamente e memorizava os movimentos da avenida para logo esquecer antes de fechar a cortina.

Em certos dias assim, tinha a imaginação do que poderia estar debaixo do azulejo. Pratos de porcelana, cabelos cinzas presos com alguns fios soltos, cachorros pequenos e inquietos, nhoque, pisos de madeira, TV, barrigas, outras luzes refletidas de outras janelas.

Olhava para o céu antes de dormir.

E depois , era como um fechar de cortinas involuntário.

Friday, April 15, 2011




Alguma vez um mosquito já entrou no seu olho?
É como se fosse algo trazido pelo vento, mas que não sai.
Ele gruda na sua córnea e no máximo escorrega até o canto próximo ao nariz.
E aí você precisa olhar direito frente a um espelho, para conseguir retirá-lo de lá... Mesmo que ele ainda esteja tentando bater as pernas minúsculas e arranhando a sua proteção de visão instantaneamente.
Então ele precisa morrer pra você voltar a enxergar sem incômodo.
É como se fosse uma agressão ao vento.
Ao seu, e ao do mosquito.

Thursday, April 14, 2011

Eu vou ficar.
Não vou.
Pra colocar em ordem.
Tudo que saiu um dia.
Dos armários
Das paredes.
Das suas mãos.

Sunday, April 10, 2011

das últimas contradições

Eu quero uma folha.
que escreva em branco.
Eu nunca casei nessa igreja
E nunca peguei um taxi com essa freira.
Não comprei as flores de um cemitério qualquer!
E nem perdi o bilhete na saida.
Cada página não lida memorizada.
E as canetas que apagam o risco.
Pisando em estradas feitas de poeira.
As linhas tortas partidas.