Tuesday, September 29, 2009


Lá fora



Morava em meio a ruas com nomes de instrumentos
Era só descer a gaita de foles, entrar a segunda a direita
As crianças sempre estavam por lá
A brincar os jogos extintos
Amarelinha, queimada, pega-pega
Ainda havia uma árvore ali na frente
Onde podiam subir e de lá avistar a rua das flautas transversais
Lá embaixo começava a acabar o dia
Aquele cansaço e suor bom
Tinham deixado os rostos corados com o sol que passava
E nos postes de luz, vários siriris, ou cupins alados
Era a espécie de cupim com asas, também chamados de aleluias
Seja como for, aqueles insetos apareciam somente no verão
E eles disputavam quem conseguiria guardar mais em um saco de plástico
Enquanto o poste ia ficando cada vez mais liberto de mosquitos
Elas apostavam um amor quando o avião passava
Não se lembra quem havia ensinado essa crença
Mas bastava abrir a mão, pegar o avião no ar, e colocar dentro da roupa,
Na direção do coração
E a lua surgia, junto com as mães a chamar nas varandas
Todos sempre tentavam se safar, e ganhar mais uns minutos
lá fora

1 comment:

Mill said...

lindo texto Suh

Sensibilidade de criança com maturidade adulta

me fez bem ler isso

beijo