Monday, December 27, 2010


Quando tocam seus pés em chãos já vistos em ruas esguias a enaltecer as ultimas garoas de um lugar comum.

Fumaça e vapor enquanto se confundem a um transito estático que não resulta a lembranças perdidas e assim inéditas.
No espaço de portas entreabertas com dizeres cheios de palavras em códigos e não entendíveis para confundir a cidade.
Desenhos são vistos aqui de cima como uma tela, a olhar de um avião imaginário de um aeroporto travado por falta de asas.
Tenta com desvalia, atravessar entre prédios que escondem cenas entre suas janelas e portarias sempre tão desérticas e que dão sono.
Poderia jogar rosas fossem elas de qualquer forma ou cor, sob esse céu torpe e vazio, a quebrar os caules a uma ventania e tirar toda a pigmentação antes de chegar ao solo?
O que dizer a bocas que falam em desarranjos horripilantes enquanto sobrancelhas arqueiam ao que bem entendem, em uma lasciva inconsciência de palavras?
Levanta, desce as escadas e deixe-se levar por elas, como um carrossel envelhecido de luzes que piscam a cada andar como se falhassem ao pular os desníveis.
Escutaste antes as músicas instrumentais que por falta de suas linhas, faziam dançar em porões úmidos e cheios de baratas escondidas entre os copos noturnos.
Quer agora o seu corpo aqui, a levar idéias absurdas em conjunção a cérebros mentirosos, que calculam entre os desviares de retinas perdidas e secamente inflamadas.
Solta brilhos em camadas sangrentas em plantações de milhos, antes de quebrar xícaras de café da tarde, em uma cozinha matriarcal.
Aquelas prateleiras estarão sempre lá, mesmo que não haja lugar para expor seus dedos silenciosos a lerem o que tocam.
Vai sempre a andar sob esgotos para observar o que ninguém vê, como ratos invisíveis cor de asfalto preto fálido.
Achariam o que sabem de cartilhas impregnadas de fórmulas seguras que unem à mesmice em seu grupo de discussão enquanto sente um vento gélido repentino.
Olhares familiares que ainda não foram trucidados com o passar de décadas, e que talvez carreguem esse peso de uma morte tão miserável que não existiu.
Desperta no limiar dos seus panos a mostrar que é outro dia a revelar em espelhos que se movem numa consistência de humores instáveis e derretem as imagens para sempre.
Ficam incrustadas nas paredes que desmoronam pó das idéias fixas da juventude envelhecida com pulsações tão infantis.

Saturday, December 25, 2010

No ano que vem.



Perdoar as ofensas não feitas.
esquecer as palavras não ditas.
superar as cenas não vistas.
desistir de tudo que já tentou.
dançar as músicas não tocadas.
olhar através da imagem.
sorrir para a tristeza.
cantar as músicas instrumentais.
libertar tudo que conquistou.
sabe agora que viver sem ilusões será um sonho.

Wednesday, December 08, 2010


Queria dizer para algumas pessoas que hoje sou muito mais feliz sem a presença delas.
Mas isso seria abdicar das boas lembranças.
Ou talvez confundir outras ausências.

Monday, December 06, 2010


Acho que sei.
O que.

Eu quero.
Luzes coloridas durante a noite, mas nenhuma delas artificial.
Eu quero o cheiro da terra na ponta dos pés, a pisar algum espaço sem deixar rastros.
Eu quero dedos entre os cabelos quando menos restar força em minhas mãos.
Eu quero um vento que cobre a cortina e desata os seus nós na ponta da cama.
Eu quero uma porta batida no compasso do que se espera ao deixá-la aberta.
Eu quero um reflexo no espelho sem precisar olhar ou lembrar da imagem.
Eu quero o gosto que vier, pois tudo sempre precisa um pouco de doce para não azedar.
Eu quero palavras que se perdem em arquivos ou nunca serão ditas.
Eu quero um relógio que diga as horas, mas que seja invisível.
eu quero.
O que.
Acho que sei.

Thursday, December 02, 2010





Meu nome é dor. Meu sobrenome é drama.
Doi às vezes de feliz, dói de machucado, dói de inchado, inflado, mexido, dor cheia que chega a causar um drama.
Encenado, dito, escrito, cuspido, morto, sofrido, amado, de chorar, ou parte de expressões de um conto tão bem tesourado.
De traços de linhas, de tecido, da caligrafia, na tela, nas mãos, imaginárias, a grade da janela, que delineada ajuda a ver.
A cena, interpretada, vívida, foto, impressa, piscada, pausada, ou luzes, em movimento.