Tuesday, September 21, 2010



perdia as palavras, esqueceu o que era.
importante
tremia, não palpitava
o seu coração
sumia a cor
seus pés
fincavam por lá
nao se despedia
mesmo que tentasse
dava voltas
no mesmo lugar
fitava olhos que não olhavam
sorria fora de hora
trocava frases
se desconhecia
jogava tudo o que tinha
em um pleno nada furioso por querer.

Friday, September 17, 2010



Ponto.

Gostava de ver as coisas cozinharem.
O calor da água borbulhando, fazendo tudo tomar outra cor, como se estivessem antes sem vida.
A forma que crescia, a criar movimento nas panelas, espalhadas no fogão.
Os cheiros invadiam toda a casa, e como uma ausência familiar, traziam lembranças e aqueciam sua mão encostada nos talheres, a criar rotas circulares, entre pausas, enquanto olhava para os outros pratos, a pensar em como organizar as coisas para o jantar.
A surpresa do que resultaria a fome de novos sabores.
Aprender a misturar os temperos, as combinações, o tempo certo para gratinar , o ponto ideal para cada um, sem receitas.
Não gostava tanto da demora do forno, que apressava os alimentos em consistências secas. Também evitava a agressividade do que fritava, com óleos agitados para terminar.
Tempos exatos para a água ferver, até que ela se acalmaria no final, reduzindo os sons de ebulição.

Thursday, September 16, 2010


Aquela casa tinha muitos cadeados, que sufocavam todo o ar lá de fora.
Dentro,
Havia grades e arames em uma janela.
No fundo,
Uma porta aberta.
No meio,
Um quarto difícil de abrir.
Mas com chaves.
À frente,
Ficava uma entrada, que caia na rua.
Corredores.
Mais travas.
Escadas que desciam para a sala.
Da porta da rua
Trinco.
Mais um.

Thursday, September 09, 2010

Foi dispersando ali, na borda da calçada como pó, entrou no bueiro, atrapalhou até o transito de pessoas, em pequenas poças irritantes que encharcam os sapatos, ou invadem meias desavisadas de sua falta de proteção.
Até chegar ao ponto de promover um trânsito entre um vento frio, fino, desconfortável, e a enchente travou a cidade, que já sempre andava torridamente cinza, com nuvens arrogantes de certezas de sua condição temporal.
São todas iguais, cada gota insignificante em sua partícula perdida a descer no espaço que lhe cabe entre o vento. Reduzidas de tal forma que não são capazes de limpar ou promover qualquer tipo de ação por sua condição sem unir-se a outras gotas.
Chuva, tempestades, garoas. Ligadas eternamente a um significado de um lugar onde todos buscam ser iguais, mesmo quando apregoam à sua mesmice diferença.
Se opõem com a esperança de serem únicos em uma carência de fazer parte ou parecer a algo além, aquilo que não é exposto em sua memória ínfima e vazia de aparatos próprios.
Iguais, guardam medíocres referencias de coisas já vistas repetidas vezes.
Tanta originalidade em conseguir transparecer um autentico brilho fálido no refletir dos vidros embaçados de um ônibus cheio de respiração vazia e qualquer .