Monday, November 30, 2009


Eu tenho unhas
Mas elas desgastam com facilidade
Eu tenho unhas que quebram quando se confrontam
Com algo mais rígido
Eu tenho unhas
Que crescem repentinamente, mas ficam muito tempo curtas
Eu tenho unhas que são roídas, mexidas, e raras vezes intactas
Irregulares, cada qual a seu tamanho e algumas parecidas
Eu tenho unhas
sem cor, a espera que algum tom as escolha
Eu tenho unhas escamadas, prontas para se dispersarem
Algumas se tornaram mais escuras, pelo contato com o cigarro entre os dedos
Eu tenho unhas
Que pressionam a pele para lembrar quando se esquece o sentir
Eu tenho unhas que revivem a sua força quando machucam alguém
São sempre olhadas aqui de cima, como se não fizessem parte de tudo
Eu tenho unhas que sempre estão no rosto como se quisessem afirmar presença
Passeiam parcialmente pelo canto da boca até voltarem ao peito
Como se quisessem ter garras.

Monday, November 16, 2009


Há dias como um velho
Aqueles que parecem esperar durante todo o dia algo que nunca chega
Cigarros vários entre os dedos enrugados infiltram-se nas bocas secas
Sentados num banco de madeira corroído pelo tempo
Observam sem se preocupar com a estrutura ser enfraquecida pelos dias
Trocam de camisa e lá estão de novo com o mesmo chinelo
A pisar um chão simplificado pelos seus passos
Olham fixamente um ponto com centímetros de cinza a escapar do filtro
....enquanto roem as unhas escurecidas naturalmente...
Nada os surpreende, nem enfurece
Sem vontade para emitir opiniões sobre as mesmas dramáticas
Não estão ali, e em nenhum outro lugar, apenas esperam

Thursday, November 12, 2009

é complacente com a sua inquietude , que não só se habilita durante as noites de luar
pois os dias já começam com um ar despretensioso, para só a tarde te colocar medo
aquele pavor surge agora a qualquer momento, por inúmeros motivos que nem sabe
perdas , que até para si são tão ínfimas, voltam a te assustar na penumbra da repetição
elas fazem se despedir do que mais gosta, quando queria cometer novos erros
os mesmos ficam a te assolar a cada esquina como se sufocassem todos os sentidos
já passou a hora de partir, e sabe que por não ter mais volta, não tem mais porque fugir
sempre queria estar em outro lugar que não o seu, somente para não estar ou ser
nessa noite se viu flutuar em meio aqueles prédios que ostentava ao seu olhar
todos os sonhos em que atravessava o céu com a leveza ausente do dia, estavam ali
segurou-se na sacada com medo de incorporar aquela ilusão e despencar dali
fingiu ter asas, o que não era tão inédito, já que outrora considerava carregá-las
longe fica e vai, com um cansaço eterno que faz querer causar mais esforço
como se brigasse com a própria estafa por ela não existir realmente
ecos transparecem por meio de ventos internos
e assim respira fundo para deixar a superficialidade muda como merece
ainda tem quereres ingênuos e precisa abraçar o mundo com seus marcados braços
precisa de um espaço para as tantas imagens que chegam e não é de hoje
que se vê um tanto parada no tempo que te derruba a pedir o nada ao redor
assim finca toda a substancialidade sem medo de perde-la ao raiar do sol