Tuesday, January 30, 2007





Em minhas linhas...



"...Pintou minhas unhas de rosa e me fez bonita assim.
Resgatou o que havia de bom aqui dentro.
Descobriu o que nem eu conhecia de mim..."



Me guiou nas noites sombrias.
Me alertou para o perigo.
Me brindou de boas coisas.
Me resgatou das esquinas escuras
Me incentivou a acreditar em mim mesma.
Me entendeu quando eu confundia.
Me libertou de todos meus suicídios.
Me abraçou quando eu precisei.

Me...

Me segurou antes que eu me jogasse.
Me amou quando eu menos mereci.
Me livrou de antigos vícios.
Me viu quando todos só me olhavam
Me obrigou a destruir minhas máscaras.
Me uniu ao que é bom.

Me deu tapas que foram melhores que afagos.
Me encarou de frente quando eu estava de costas.

Me transformou em alguém melhor.
Me ocupou de boas lembranças.
Me disse o que eu não pedia para ouvir.
Me olhou a distancia.

Me mostrou a realidade.
Me apareceu como um anjo.
Me levou consigo...

Monday, January 29, 2007



Se algum dia perguntarem do seu amor.
Não olhe com desdém como que se não ligasse mais.
Ou não dê respostas vazias, ao tentar fugir.
Apenas diga que foi bom, ou ainda é, enquanto o tempo te permite.
Ignore apenas os hipócritas, que não acreditam no que vêem.
Curve-se aos limitados, quando estes não entendem.
Ultrapasse os conselhos, que procuram soluções imediatas.
Só quem viveu sabe as respostas, se ainda assim quiser encontrá-las...



Friday, January 26, 2007













In
In-útero


Intro
Introspecção
Intransigentes
Inter
Interpelou
Interpretada
Intransponível
Intragável
Indagação
Indiscutível
Indignada
Integrada
Independente
Inconseqüente
Incongruente
Indução
Indelegável
Infelicitável
Importunação
Inoportuna
Inegável
Incandescência
Influentes
Inibições
Inexplicável
Imprudência
Incoerente
Impaciência
Interligação
Insolente
Instinto
Insônia
Insatisfação
Intuiu

Whatever it takes I'm giving
It's just a gift I'm given
Try to live inside
Trying to move inside
And I always thought that it would make me smarter
But it's only made me harder
My heart thrown open wide
In this near wild heaven
Not near enough
(Near Wild Heaven- R.E.M)

Monday, January 22, 2007


O homem da rua

O cheiro de urina invadiu o ônibus e extraiu testas franzidas de cada rosto.
A única frase dita através de uma voz estranha e anasalada era: “... é só cinqüenta centavos gente, eu to com fome.”.
Achou estranha a calça surrada, que trazia linhas pretas costuradas desde o cós até a barra.
A blusa de lã não parecia velha, mas havia um grande rasgo abaixo do braço.
O tênis era limpo e tão novo que chamou-lhe a atenção sobre aquele homem de barbas crescidas.
Enquanto comprava uma cartela de adesivos do Bob Esponja olhou para a face do individuo e se deparou com um homem jovem, e muito bonito.
Na sua imaginação e curiosidade natas, chegou a se aprofundar em seus pensamentos e até achou que ele poderia ser um artista amador, daqueles que vivenciam uma rotina para encarnar o personagem. Chamou amigos para mijar sobre a calça, costurou-a em ziguezague após surrá-la no asfalto e rasgou o antebraço da blusa com um canivete em capa de couro de jacaré.
Loucura dizer isso para alguém.
Ainda mais publicar um texto acerca desse relato.
Mas ela sempre presta muita atenção às pessoas ao seu redor, mesmo enquanto lê quieta no ônibus, olhando atenta somente para as linhas que se contorcem na tentativa de fugir dos seus olhos, durante os trancos do veículo. Não se trata de se interessar pelo homem com cheiro nada agradável , assim como a maioria das pessoas quando ouvem essa história pensam, o que não evita ser tragicômico.
Mas já reparou em meninas que vendem balas pelos bares? Antes de dizer não, obrigado, já as viu? Reparou que muitas são belas, dignas de um papel no próximo filme infantil, ou em uma campanha de roupas?E se um dia não continuasse a conversa na mesa do bar e parasse alguns segundos e percebesse boa dicção, força de vontade, e aquela beleza trágica, que carrega no rosto algo furtivo e indigno da sua situação, pensaria:“ Que pena, não sou empresário ou coisa do tipo.”
Ou talvez concluiria que a beleza tem vários tipos de fome, e às vezes anda de pés descalços sobre o asfalto.
E assim, Deus, o Diabo, ou a genética afirma que nem tudo é o que parece ser, ou os fatos não são, a todo o momento, exatamente como deveriam...

Thursday, January 18, 2007

Tell me your favorite song





Sem vontade de voltar para casa, não podia ficar ali, nem andar na garoa.
Resolveu mentalizar onde estivesse, aquilo que queria enquanto não há escolhas.
Jantar com frutos do mar era servido no mesmo P.F de cinco reais.
Uma casa nova e vazia de papeis lá mesmo onde espaços ainda faltavam.
Passarelas limpas e cheias de cachorros simpáticos enquanto transitava no odor de urinas envelhecidas.
Pessoas que amava ali do seu lado ao contar historias repetidas vezes, sem que o roteiro a cansasse.
Cartas afetuosas durante o dia, sem a surpresa de pré-conceitos sem lógica.
Um sono tranqüilo enquanto todos dormiam, e ia acender mais um cigarro na janela.
A paz necessária quando os telefones não param de tocar.
Respostas para todas as coisas que agora não possuem.
E assim, aos poucos, tudo toma a forma do que pensa e o que espera, cada qual no seu lugar...

Wednesday, January 17, 2007


Um pequeno feixe de contradições



“Pode me dizer exatamente o que é isto? Que quer dizer contradição? Como acontece com tantas outras palavras, pode significar duas coisas: contradição de fora e contradição de dentro. (...)Já disse a você, certa vez, que possuo dupla personalidade. Em uma delas encontra-se minha alegria exuberante, que faz graça de tudo , meu entusiasmo e principalmente a maneira como levo tudo na brincadeira.(...)Você precisa compreender que ninguém conhece o lado melhor de Anne, e é por isso que a maioria das pessoas me acha insuportável. Se durante uma tarde faço uma porção de palhaçadas, todos se fartam de mim por um mês. Realmente, é como filme de amor para pessoas de mentalidade séria:simples distração que diverte, sem chegar a ser boa.Envergonho-me de contar isso a você , mas como é verdade, vou falar.Meu lado superficial e frívolo está sempre mais alerta que o lado profundo, e por isso há de sair sempre vencedor.
Você nem imagina quantas vezes tentei empurrar pra longe essa Anne. Tentei mutilá-la, escondê-la, porque, afinal de contas, ela é apenas metade do total que se chama Anne; mas não adianta,e eu sei, também, por que não adianta.
Tenho muito medo de que as pessoas que me conhecem superficialmente venham a descobrir que possuo um outro lado, melhor, mais bem-cuidado. Receio que riam de mim, me achem ridícula e sentimental, que não me levem a sério.Estou acostumada a não ser levada a sério, mas só a Anne despreocupada que se acostumou a isso e o suporta. A Anne mais profunda é sensível demais para tal. Se realmente obrigo a Anne boa a ir para o centro do palco, nem que seja por quinze minutos, ela se encolhe toda e acaba cedendo o lugar à Anne numero 1, e antes que perceba o que se passa, vejo que desapareceu.
A boa Anne, portanto, não aparece quando tem gente, até hoje nunca se mostrou, nem uma só vê, mas é a que predomina quase sempre quando estamos a sós. Sei exatamente como desejaria ser, como sou, aliás... lá no intimo.
Infelizmente sou assim só para mim mesma. E estou certa que é por isso mesmo que eu digo que intimamente tenho um gênio bom e que os outros pensam que exteriormente é que tenho gênio bom. No íntimo sou guiada pela Anne pura, mas exteriormente não passo de uma cabritinha travessa, à solta.
(...) A Anne jovial dá risada, uma resposta atrevida, sacode os ombros com indiferença, comporta-se como se não ligasse, mas as reações de Anne silenciosa são exatamente o oposto. Para ser sincera , devo admitir que isso me magoa, que tento mudar por todos os meios, mas que estou sempre em luta contra um inimigo muito mais poderoso.”(...)

Anne Frank, Holanda, terça-feira, 1º de agosto de 1944.

Ultimo texto do diário da pequena judia antes da Polícia de Segurança alemã, acompanhada por alguns holandeses nazistas, darem uma batida no escritório onde Anne e sua família se escondiam há mais de dois anos. Sua mãe foi assassinada e após alguns meses ela e sua irmã mais velha(Margot) contraíram tifo no campo de concentração. Um dia, Margot tentou levantar-se ao lado da irmã, mas, enfraquecida, caiu ao chão. No seu estado de doença e fraqueza, o choque foi mortal. A morte da irmã fez a Anne o que nada até então conseguira fazer: quebrantar seu espírito. Alguns dias depois, em principio de março, Anne morreu.

Tuesday, January 16, 2007


Na ponte


E ontem acima de todos aqueles carros que paravam o transito eu vi o céu.
O sol já estava se pondo e havia um misto de tons alaranjados com um azul vivo e escuro, quase violeta.
Mas não podia deixar de lembrar que uma vez, cientistas divulgaram que esse fenômeno acontece devido à excessiva emissão de poluentes dos veículos durante o dia.
Muita gente não sabe, mas às vezes um céu tão encantador é resultado de pura poluição.
É um raro momento em que a natureza aceita alguns produtos nocivos e se torna estranhamente bela.

Friday, January 12, 2007

Os olhos incharam inexplicavelmente e em especial o esquerdo parecia pesar uns 20 quilos a mais.
Olhou no espelho por diversas vezes e não conseguia achar explicação pelas dores que sentia quando olhava para os lados.
Foi até o oftalmologista de plantão e o mesmo lhe disse que ela acordaria com os olhos vermelhos e lacrimejantes na manhã seguinte , e te deu um prenúncio da epidemia de conjuntivite.
Comprou o colírio receitado e foi para a casa, pensando em se manter longe de todas as pessoas para evitar a contaminação.
No outro dia acordou com os olhos mais límpidos que água, e o peso parecia ter aumentado. Não conseguia olhar para baixo ou para os lados, e o inchaço ia aumentado cada vez mais.
Resolveu ir novamente ao oftalmologista, descartando a hipótese da sua hipocondria nata.
O outro especialista resolveu levantar suas pálpebras e avistou um gigantesco tersol.
Sim, havia um caroço branco enorme lá dentro da pálpebra.
Nada que um cotonete embebido com colírio antiinflamatório não resolva.
Algumas dores a mais para eliminar o caroço e pronto, o inchaço sumiu.
Voltou para casa agora enxergando sem peso e questionando se alguém no mundo já teria tido um tersol dentro do olho...

Tuesday, January 09, 2007


" A falta do que se dizer agora reflete a paz que o silêncio traz..."

Friday, January 05, 2007

Brisalend Island

Saiu de casa feliz e ansiosa, apesar do peso nas costas.
Mas ainda assim, resolveu levar mais um repelente para se prevenir dos perigos da mata fechada.
Mal sabia ela, alergica desde crianca, que um ser mais poderoso a atacaria .
Ele se chamava Bond. Mari Bond.
Ainda nao se sabe se foi o responsavel a seu ataque de coceiras e vermelhidoes da raiz do cabelo ate a sola dos pés.
Talvez tenha sido a ansia de comer camarão em águas desconhecidas.
Resolveu até ficar com o brilho eterno de um camarão sem lembranças, para nao arriscar outra ida ao posto de saude local.Onde há somente um curandeiro, que para tudo tem o melhor remedio: injecao de Fenergan no músculo, assim, como cavalos.
Apagou durante 15 horas, e seus amigos a lembraram de mais uma hipotese para a crise. Talvez ter rolado na grama durante um longo tempo tenha causado aquilo .
Preferiu esquecer aquilo tudo, mesmo porque o posto de saude nao funcionava todos os dias. E a dose era tamanho temporada mesmo...
Ficou com as tardes de cantoria pela Radio Mill Cossa Nova Fm. Aquela que toca o que o coracao quer ouvir. Quáz Quáz!
Além de sorrisos durante a trilha pelo Smile gigante que feliz, andava por mais uma rota, batucando as suas palavras para qualquer ocasião.
Tudo que o Smile Gigante queria era só sombra e água fresca..geladinha, sempre! E um camarãozinho com uma cataia para arrematar, , antes do por do sol.Depois, mais um banhozinho para relaxar na barraca de astronauta.
O homem cueca ainda tentava o tirar lá de dentro, mas mesmo o ameaçando com seu linguajar mano e perigoso , de nada adiantava.
Embora o flipper tenha se assustado com a linguagem baliense, a Dori nao se cansava e tentava se comunicar com o alegre animal. Enquanto patolino discutia com os pássaros, Frajola aprendeu a lingua da tribo Xun Xin Nuham e tentou até dar tchau para uma india, que não o entendeu, tão bem como o monitor ambiental, que contava as peripecias noturnas na noite anterior durante a volta da cachoeira. Empolgada com a fluencia da lingua, ela acabou caindo no meio do mato, e atrapalhou um pouco o percurso dos turistas que ali estavam.
Um pouco de saudosismo, e rebelando-se contra o contrato impostor da Warner, resolveu resgatar o Baby, da Familia Dinossauros, na tentativa de ter alguma atividade, ali , onde fazer nada é lei.
A não ser olhar a chuva dentro da barraca, e imaginar que o mar a leva para algum lugar distante...
Ao entardecer, entrar no mar sozinha durante a chuva, e voltar correndo pela trilha , fazendo os urubus e gaivotas voarem enquanto passa pelo longo caminho.
Tentar chegar ao mar durante a noite, e perceber que ele está extremamente baixo. Olhar ao redor e tentar registrar aquela imagem eternamente na sua mente. Parecia um sonho, algo muito bom para ser vivido só por tres pessoas abencoadas ali naquela hora...Ou talvez seria por isso que nao havia um ser humano por lá naquele momento...
Fazer mais de uma contagem regressiva, e ter um ano novo próprio, reservado para quatro pessoas!!!
Dançar só com outra pessoa do lado a acompanhando no maracatu.
Lembrar de músicas que não ouvia há anos, e ficar horas na pista, enquanto seu colar balança de um lado ao outro...
Voltar sobre as ondas, em paz e renovada...
Olhar para a janela do carro e não conseguir jogar a bituca do cigarro no asfalto. Esquecer o barulho dos motores, pessoas apressadas e luzes por todos os lados.
Será que aquele povo que vive ilhado, ou somos nós ?