Thursday, September 28, 2006

Tão direta como as águas de um rio turvo


Hoje de manhã acordo de novo atrasada, olho para o relógio e pela 4ª vez da semana levanto as 9h00, desesperada com esse meu sono profundo que não me deixa mais levantar e que some durante a madrugada. Será isso insônia? Eu defino como morbidez matinal, porque é quando o sol invade minha janela e as cortinas do meu quarto, o momento que eu não consigo sair da cama mesmo, e isso nem atribuo ao frio ou a qualquer outro motivo neurológico, distúrbios no sistema límbico, ou ainda uma doença psicossomática.
Acho que é a vontade de ficar por entre as cobertas para sempre. Depressão? Suicida? Maníaca.,Neurótica? Não, não, dessa vez esses sintomas estão longe daqui, o que há é apenas uma fadiga sobre humana da mesma espécie, é algo anestésico, mas ao mesmo tempo dolorido, é um sarcástico que deixa feliz, e dessa vez não traz mágoa, é vontade de
ficar numa ilha deserta e pedir socorro por sinais de fumaça, mas depois fugir do resgate. É um sorriso verdadeiro dessa vez, sem cinismos mas que se assusta com ele próprio.
É uma raiva do mundo, mas uma emoção saudável dessa vez, pois não está intrínseco entre meus rins, como o ódio, que implica em angustias. Eu ainda posso aqui, nessa calçada, ter um transtorno físico agudo ou um derrame, mas será somente isso, porque dessa vez não estou com ódio, porque o ódio consome o equilíbrio interno cronicamente, e é compatível com o câncer, com arteriosclerose, com as diabetes e hipertensão crônica. E eu ainda inexplicavelmente quero viver muito e me vislumbrar com essas feições decadentes em todo lugar.
Pessoas que varrem a calçada dão bom dia, outras estão felizes com um batom que acabam de ganhar, há aquelas que se animam com a família, trazendo novidades pra quem não quer ouvir, e há ainda todo o tipo de entusiasmo ou irritação que não me comove e me deixa com lágrimas travadas na falta de fluidos em minhas glândulas oculares.

Sábio é o louco que discute pela rua com seus pensamentos sem desesperos por não fazer se entender...

Wednesday, September 27, 2006

Ventos contrários



A liberdade aprisiona quem por ela é solto, pois fica limitado a seus conceitos, e não há ninguém que o prenda porque está fadado aos erros e acertos por si mesmo.
Ser livre machuca, e por isso exige cuidado intenso com as próprias asas que por não serem podadas ou ensinadas, quebram tudo por onde passam e desequilibram o céu ao alçar vôos sem meta, guiados apenas pela paixão de seus destinos.
... E se perdeu lá em cima, levantou e quis cair de novo, e assim vai ser até cansar da queda ou quando perder as suas duas asas.
E assim toda coragem fragiliza, enquanto a vulnerabilidade carrega o perigo de ferir...

Thursday, September 21, 2006

Presentes sempre no passado






"...E a mudança ocorre constante, perdendo assim, toda essência do que um dia foi..."








Thursday, September 14, 2006



Fuma o cigarro até o filtro como se fosse a única coisa que tivesse entre as mãos, e que te traz segurança.
E na hora de jogar ali de cima, sente de novo o vazio, e elas voltam a tremer...

Wednesday, September 13, 2006

"I'm pulling down questions from my shelf
I'm asking forgiveness
I ain't asking nobody but myself
and I want you to know this
(...)
You rightfully threw a box of toys
that were handed down to me just take out the ones you brought and then
give the rest to my family
I'm gonna go back to school today
but I'm dropping myself off
I'm throwing the childhood seat away
I'm through ripping myself off
I'm done ripping myself off ..."
The Raconteurs - Broken Boy Soldier



Sobre a mágoa




O tempo passa rápido e me atormenta em meio a tantas coisas para tirar do lugar. Enquanto corre lentamente , preciso que ele acelere essas horas.
A mágoa, - misto do ódio e a angústia-, já não existe mais, pois abrandou a raiva, e sobrou só a tristeza.
Quando o perdão ocorre consciente e de fato, os rancores dão lugar à compreensão. Mas onde há redenção por pensamento, e se sabe os motivos das ações ,mesmo sem entender, a ausência de questionamentos da lugar à esse vazio.
O tempo apaga marcas, mas enquanto não o faz, machuca...

Tuesday, September 12, 2006

Deixa!
...disso


Disco
Disléxico
Desprende

Despretensão
Deprava
Demais

Destrói
Devaneios
Depressivos
Distrai
Divaga
Delimita
Dependente?
De
cai
De flaciona
Dever...
mên
De cia
De
sco la
Desproporciona
Demanda

Desponta
Desvairada
Docas >Drogas Dopas Dorme
Doma Dói =DigaDicasDribla
Debates
Duvidas

Dupla
Ducha
Dádivas

Doa
Daqueles
Dardos
Decadentes

Monday, September 11, 2006

-Ai!



-O que foi?
-Um bicho me mordeu
-Onde?
-Aqui no antebraço
-Olha ele aqui
-Pronto
-Coitado
-Ah , azar o dele, quem mandou me morder?
-Mas ele não morreu
-Deixa ele se contorcendo
-É por causa da asa
-Ela é dura
-Deve ser maribondo
-Foi a mesma dor do cigarro quando queima
-Você nem percebeu
-É, deixei , quando vi, tava vermelho
-Você tem tolerância para a dor
-Não!
-Só gritou depois
-Eu tava sentindo, mas não tinha chegado ao final
-E precisa esperar acabar?
-Sim, precisava saber de onde vinha a dor
-E descobriu que foi o maribondo
-É, ai eu podia reclamar da dor do maribondo.Antes eu não sabia porque tava doendo.
-E por isso precisava sentir?
-Ninguém gosta de sentir dor
-Você só não foge dela
-Por quê?
-Porque dói...

Friday, September 08, 2006

Folhas no telhado




Os ventos mudaram a direção na última noite.
E a porta da entrada que estava só encostada, bateu algumas vezes, na tentativa inútil de ficar trancada definitivamente.
Um sopro gelado se confundia com brisas quentes que invadiam toda a sala.
As cortinas dançavam uma seqüência leve de movimentos que só aquele momento poderia registrar.
Os tapetes até tentavam se desprender do solo, mas o vento era suave demais para chegar ao chão.
Só os tecidos em situação elevada eram capazes de serem atingidos, mas ainda assim, permaneciam intactos e inabaláveis.
Era inverno, mas a mudança da rotatividade do planeta fez com que desconhecidos fenômenos da natureza aquecesse aquele lugar.
E era preciso deixar a porta ainda encostada, porque ao contrário dos dias comuns de inverno, o vento era necessário para manter aquela temperatura.