Entro no metrô e só hoje percebi que o teto parece muito
baixo.
Ando olhando para o alto, para o chão, para os lados, depois
que parei de beber.
Antes olhava para frente, obstinada, sem me preocupar com as
árvores.
Como pude passar por elas e desaperceber?
Continuam assim, incrivelmente crescendo por baixo do solo,
e florindo para avisar isso.
Percebo suas cores, olho para o céu, e desde que contei
estrelas com aquelas crianças, jamais deixo de olhá-las de forma alinhada,
buscando três marias.
Elas dividem espaço ali, entre seus diversos galhos e
folhas, concentradas em fixar raízes.
Se eu fosse uma delas, eu queria ser aquela estrondosa, que
quebra as calçadas pra falar em existir. De tantas formas que fica impossível
decorar seus braços, mudando sua estrutura com seus caminhos de crescer para o
alto.
Destruindo o concreto que a oprime, mesmo quando em
silêncio, e sem mover um passo, grita, que qualquer espaço é pouco.
A rua se move enquanto as plantas dormem no escuro.