Saturday, May 11, 2013

Mãe


Entro no metrô e só hoje percebi que o teto parece muito baixo.
Ando olhando para o alto, para o chão, para os lados, depois que parei de beber.
Antes olhava para frente, obstinada, sem me preocupar com as árvores.
Como pude passar por elas e desaperceber?
Continuam assim, incrivelmente crescendo por baixo do solo, e florindo para avisar isso.
Percebo suas cores, olho para o céu, e desde que contei estrelas com aquelas crianças, jamais deixo de olhá-las de forma alinhada, buscando três marias.
Elas dividem espaço ali, entre seus diversos galhos e folhas, concentradas em fixar raízes.
Se eu fosse uma delas, eu queria ser aquela estrondosa, que quebra as calçadas pra falar em existir. De tantas formas que fica impossível decorar seus braços, mudando sua estrutura com seus caminhos de crescer para o alto.
Destruindo o concreto que a oprime, mesmo quando em silêncio, e sem mover um passo, grita, que qualquer espaço é pouco.
A rua se move enquanto as plantas dormem no escuro.

Tuesday, May 07, 2013

Ah se eu te dissesse assim, o quanto eu ví, e tantos abraços, e toda a saudade, assim, por si só, aquela que não tem motivo nem alguém, que fica por qualquer coisa, a placa torta da rua, a tinta falha na parede, um cheiro que nunca sei qual é, talvez você diria que eu enlouqueci, e que a vida está sem gritar meu nome a correr os dias encobertos de lembranças. Eu lhe responderia com o tempo, esse espaço em que finjo parar os ponteiros pra encher meu ar de surpresa.