Thursday, December 20, 2012

Conto.


Então você desceu aquelas escadas de pedras cinza, escorou um pouco na parede, olhou para o alto do céu, e pensou se conseguiria olhar um pouco mais para fora dele.
Das próximas vezes que você falasse qualquer coisa eu ia ver um conto retalhado de páginas escoradas em uma história que não foi rabiscada.
Parecia aqueles meninos que davam volta em luzes, não se queimava, e voltava ali pra ver.
Eu não sei, mas foi em um tropeço em que descobri uma coisa escondida atrás daquele muro de paredes que desmoronavam.
Não precisava se questionar de algumas coisas que você nem mesmo sabia explicar, até mesmo uma distância do que parecia lá na frente conseguiria fazer-se entendida.
Quero acreditar em tudo que vi, de certa forma tão deturpado do que poderia ser visto.
Mas o coração falava não por saltos, mas parecia flutuar aqui dentro, dava voltas, voltava para onde estava, e então eu te olhava.
Talvez sim, eu poderia criar uma coisa da minha cabeça assim e fazer ele girar, por comandos racionais.
Acontece é que não consegui dizer que não estava me sentindo muito bem com esses movimentos e que se eu tivesse coragem...
Você calou.
Ouve, um espaço de tempo?
Talvez escutei algumas longas horas que não dava para ver, mas não tinha nada, não tinha uma ponte, não tinha o que te dizer.
Então eu ficava ali, ao seu lado, pra tentar que um dia aquilo tudo criasse uma cor.
Pensei, misturei, escolhi, manchei, derrubei, desperdicei todas as combinações impossíveis.
Esgotou-se, como se tivesse escapado todas as alternâncias e ficado só uma base sem cor, quase branca, mas nem chegava a ser isso.
Então. Há um mundo que talvez você tenha me dado a mão, enquanto eu atravessava por ali sem saber pra onde ia.
Esse mundo está longe de ti, você conseguiu sair de cena, e eu te tirei desse quadro.
Eu voltarei a ele.
Você fica.
Até eu precisar me esforçar pra recordar as vozes e as formas do rosto e então te trazer à lembrança.

Tuesday, December 18, 2012

Os pensamentos esquecidos estão em um filme sem roteiro


Pra onde vão parar os poemas não escritos?
E em qual forma as palavras não ditas são transcritas?
Onde estão as ideias que você não conhece?
O que a gente vê sozinho, quem vê também?
Se você sente algo, como alguém percebe?
As palavras que não existem surgem quando?
Essas frases aleatórias retornam embaralhadas em um papel inesperado?
Quantos sons você não ouve?
Qual pensamento você vai esquecer pra sempre?
Alguém viu aquele mesmo espaço de olhar que você focalizou?
A raiva quando passa vai pra onde?
E o amor quando acaba, vai pro ar ou cai na terra?
Quantas palavras você leu hoje?
O que você sabe sem se dar conta?



Monday, December 17, 2012


Quando ainda não é,
Porque ainda não veio
Ou que nunca foi.
Você deixou passar,
Como deixa algo tão necessário refletir ali no espelho
Era só um reflexo de algo que ainda não existe.
Um pensamento cantando alto
Tornando-se a ilusão de existência.
São treinos ou cantos,
Matéria dissolvendo-se para formar o que ainda não tem.
Ou o que existiu tão forte queimou,
Virou pó.
Comemore essa certeza do que sempre ainda não é.
Pois mudar é sempre criar algo bom.
Recriar as cinzas de cores que ainda não vê.